domingo, agosto 28, 2005

Acreditar à direita ( in jornal do barreiro)

Portugal tem à porta mais umas eleições autárquicas e como tal também o Barreiro têm de voltar às mesas de voto e confiar um mandato de 4 anos a um executivo. Contudo, estas eleições assumem na nossa cidade algumas particularidades.
É essencial realçar que todas as forças políticas com assento parlamentar apresentam, nestas eleições, uma candidatura à Câmara Municipal do Barreiro. Este sinal, só por si, mostra a diversidade de opiniões que existem no seio da nossa cidade e como os barreirenses poderão ter um melhor “cardápio” de escolha entre as várias propostas para o nosso futuro. No entanto, não obstante a diversidade de possibilidades de escolha, a nossa cidade parece ainda presa a um inquebrável e lamentável estigma de esquerda, isto porque, mais uma vez, a grande opção parece prender-se entre a CDU (que durante 27 anos deu mostras de ser um factor de atraso para o Barreiro) e o PS (que durante quatro anos deixou os barreirenses descontentes, sendo que no entanto o Partido Socialista viu a sua actividade bloqueada pelas próprias forças da CDU que faziam parte do executivo).
Perante estes factos há duas ilações a retirar, num primeiro plano a salientar que nem uma nem outra força política conseguiu desenvolver a nossa cidade como havia prometido na campanha eleitoral, por outro lado verificar que a CDU mostrou claramente nestes 4 anos não aceitar a derrota eleitoral e que claramente coloca o interesse partidário bem à frente das verdadeiras necessidades da nossa cidade.
Pois bem, o Barreiro tem em Outubro a hipótese de alterar este cenário e de ter a verdadeira mudança política, que se esperava com o PS, mas que este deu provas de não ser capaz de realizar. Assim, voltar atrás é claramente voltar a ter a inoperância comunista que já experimentamos morosamente; optar pelo PS é ser saudosista de uma mudança política que não existirá e é escolher mais do mesmo. É por tudo isto que penso que o Barreiro se tem de libertar do estigma esquerdista e olhar para as forças de direita com a mesma dignidade e capacidade que as forças de esquerda, isto porque só àquelas não lhe podem ser apontadas quaisquer responsabilidades pela gestão danosa que temos vindo a ser alvo, durante 31 anos de democracia, como só nelas se pode apostar sem existirem cidadãos receosos e de pé atrás com os exemplos do passado, levando claramente a uma maior mobilização da nossa cidade em prol do interesse comum.
Gostava ainda de atacar um mito que parece existir por ai e que se prende com o voto útil no PS nestas eleições autárquicas, com vista à derrota da CDU. Esta ideia de que o voto útil é no PS, é sem sombra de dúvida uma ideia a excluir. Por um lado, a esta ideia leva a uma atrofia das forças de direita, visto que caem no desânimo de não terem apoiantes na nossa cidade, quando na verdade eles efectivamente existem mas votam apenas no curto prazo, cedendo ao dito voto útil e acabando por nunca ter hipóteses de verdadeiramente a sua força política poder ser opção na sua cidade. Por outro lado, pelo já acima exposto, não me parece que o PS seja no Barreiro um voto útil; claramente entre o PS e a CDU o primeiro é um mal menor, mas há que salientar a falta de ambição que teve no seu mandato e de que não é justificativa a existência de membros da CDU no executivo, mas também a sua falta de vontade política e trabalho, até porque é da divergência de ideias que nascem as soluções mais construtivas.
Ora, a questão que se impõe é saber como podemos perante estes factos continuar a colocar a decisão entre duas forças politicas que deram mostras de não conseguirem desenvolver os seus projectos políticos e objectivos?