domingo, julho 31, 2005

Quero Ficar sempre estudante...mas nao assim ( in Jornal do Barreiro)

Esta é a primeira vez que escrevo para o Jornal do Barreiro, que aproveito para saudar pelo óptimo trabalho jornalístico que realiza, sendo a fonte informativa mais credível do nosso conselho no tocante à realidade local. Assim como para agradecer o convite que me foi endereçado, que muito me honra.
Gostaria de começar por me apresentar ao caro leitor, que utiliza algum do seu tempo para ler o que escrevo, sou cidadão do Barreiro há 21 anos, ou seja toda a minha vida aqui residi, passando 20 anos como habitante da freguesia da Verderena e actualmente encontro-me fixado na freguesia de Santo António. Curso no 3º ano de direito na Faculdade de Direito de Lisboa, onde faço parte da Associação de Académica.
É assim como estudante e como membro da referida associação que me interesso altruisticamente pelas necessidades dos estudantes (no âmbito da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa tendente aos alunos da faculdade e no âmbito da minha cidade a todos os alunos do Barreiro). Toda a comunidade estudantil, universitária e não só, se encontra neste momento em fase de exames, fase de maior intensidade de estudo e concentração, sendo como tal inúmeros os estudantes que na nossa cidade se deslocam diariamente aos espaços de estudo que a Câmara Municipal do Barreiro faculta para o desenvolvimento desta actividade. Tal como eles também eu o faço e com eles troco informações e opiniões sobre a actual situação desses mesmos espaços, de tal forma que se torna quase imperativo tecer aqui algumas considerações sobre as condições oferecidas.
Em primeiro lugar, o estudo começa durante o dia na Biblioteca Municipal, onde existem óptimas condições para acolher bastantes estudantes que se dedicam. Contudo, estas óptimas condições ao nível do espaço (luminoso, arejado e inclusive onde se pode usufruir da utilidade de um ar condicionado) são inúmeras vezes afectadas pelas actividades que decorrem no auditório anexo à biblioteca. É nesse auditório que a CMB entende que se devem realizar inúmeros projectos sociais, a maior parte das vezes incompatíveis com o silencio e a concentração necessárias ao desenvolvimento de tarefas de carácter intelectual. Projectos esses que passam; por ridículo que possa parecer; por recitais de poesia, conferências, congressos e pasme-se por aulas de canto! Ora não é possível, nem ao mais concentrado dos seres humanos, realizar um estudo eficaz e efectivo num espaço onde por diversas vezes é violentamente assombrado pelo “ venham mais cinco” de Zeca Afonso.
Nesta fase os alunos fazem inclusive as chamadas “directas” e se a nossa cidade tinha uma lacuna de espaço para estes alunos estudarem até mais tarde, fora de casa, já que em casa a cama está muito mais próxima e assim sendo torna-se mais difícil não ceder ao cansaço. Nos dias de hoje felizmente esse problema está materialmente resolvido com a criação do Espaço J, ainda assim mais uma vez penso que não se equacionou bem as necessidades de quem estuda, isto porque me parece claramente insuficiente, a solução encontrada. Possibilitar aos estudantes uma cave de um prédio, sem janelas, onde o ar não circula e pasme-se mais uma vez, onde os alunos em vez de se puderem dedicar à química, à física ou a qualquer outra área do conhecimento são constantemente interrompidos por cada uma das descargas de agua das casas de banho dos moradores do prédio, isto porque os canos se encontram mesmo por cima das suas cabeças.
A solução a qualquer destes problemas está longe de ser impossível ou sequer dispendiosa, bastando aqui haver vontade por parte da autarquia local. Assim, quanto ao auditório anexo à biblioteca passa por encontrar um outro espaço, para os projectos camarários, ou em caso de impossibilidade dessa solução não ser possível passa por insonorizar a sala de estudo em face desse mesmo auditório. No tocante à falta de condições físicas do Espaço J, ela passa claramente por durante a noite, uma vez que o referido espaço tem pessoas responsáveis que visam salvaguardar o respeito e a manutenção do material, por transferi-los para o espaço de estudo da própria biblioteca, mantendo esta aberta (nessa área de estudo apenas) durante o horário nocturno do Espaço J.